Paradoxo francês - A população francesa consome 7,6 vezes mais vinho do que a população norte americana. Possui elevados índices de tabagismo, sedentarismo e, especialmente, alto consumo de gordura saturada, três conhecidos fatores de risco para doença arterial coronariana (DAC). Apesar disso, esta população apresenta apenas um terço da incidência destas doenças em relação à população americana, fato este que ficou conhecido como “o paradoxo francês”.
As evidências encontradas contribuíram para reforçar a hipótese de que o consumo habitual e moderado de vinho tinto pode prevenir ou reduzir o risco de desenvolver a DAC.
Um dos principais mecanismos que explicariam estes efeitos está na capacidade antioxidante dos compostos fenólicos presentes em vinhos. Estes compostos inibem a formação de óxidos de colesterol, produtos da oxidação das lipoproteínas de baixa densidade, ou LDL-colesterol, um dos principais fatores desencadeantes da aterogênese.
É antiga a crença nas propriedades benéficas do vinho em relação à prevenção de doenças e manutenção da saúde. Mas só recentemente esta teoria ganhou importância no meio cientifico, graças a evolução da ciência e da tecnologia e dos avanços no campo da fito medicina.
Estudos epidemiológicos indicam que uma dieta baseada em vegetais e frutas com propriedades antioxidantes ou ainda, uma dieta rica em flavonóides do vinho, são protetoras contra doenças cardiovasculares. As uvas e seus derivados, como vinho e sucos, são ótimas fontes naturais de antioxidantes, particularmente os vinhos tintos, pelo seu alto teor de polifenóis, ou compostos fenólicos, que comprovadamente possuem atividade antioxidante.
Os compostos fenólicos dos vinhos são capazes de estabilizar radicais livres tanto, gerados em sistema aquoso por radiólise (hidroxila, azida, ânion superóxido, peroxila e alcoxil t-butila), como em sistema lipofílico (peroxidação lipídica).
O radical hidroxila e o ânion superóxido gerado pelo sistema enzimático hipoxantina/xantina oxidase estão envolvidos em uma série de reações que provocam danos celulares, como a peroxidação lipídica.
Aterosclerose
A aterosclerose ocorre pelo acúmulo de colesterol nas camadas internas das artérias. O LDL-colesterol exerce a função de remover o colesterol da circulação sanguínea, mas sua estrutura rica em ácido graxo poliinsaturado é muito susceptível a peroxidação lipídica pelo ataque dos radicais livres. Uma vez oxidada, o LDL-colesterol perde a capacidade de transportar o colesterol que se deposita no interior das artérias levando a obstrução.
Vários estudos constataram que os compostos fenólicos de vinho são capazes de inibir a oxidação da lipoproteína de baixa densidade (LDL). A oxidação da lipoproteína da baixa densidade está intimamente correlacionada com as complicações da aterosclerose, que se manifesta como doença arterial coronária, acidente vascular cerebral e/ou doença vascular periférica.
O vinho é benéfico à saúde podendo ser consumido como acompanhamento alimentar. Entretanto, o consumo diário de vinho deve ser controlado para não causar doenças como úlceras gastrointestinais, alcoolismo e cardiopatia alcoólica.
Referências:
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Moreira, AVB e Mancini-Filho, J - Influência dos compostos fenólicos de especiarias sobre a lipoperoxidação e o perfil lipídico de tecidos de ratos. Rev. Nutr., out./dez. 2004, vol.17, no.4, p.411-424. ISSN 1415-5273.
Postado por: Jéssica.
Interessante. Sempre soube que os franceses fumam que nem caipóra, nao são tão chegados a uma cerveja e bebem vinho mais por patriotismo.
ResponderExcluirMas essa comparação com os norte-americanos é bem interessante