sábado, 4 de julho de 2009

Imobilidade e Inflamação


Os estudos sobre os efeitos da imobilidade no leito de pacientes acamados começaram a mais de 40 anos e ainda não estão claros quais são os mecanismos que levam às disfunções orgânicas. Acredita-se que são combinações de vários fatores incluindo a cascata inflamatória.

Estudos recentes mostram que em duas doenças crônicas, insuficiência cardíaca crônica e doença pulmonar obstrutiva cronica (DPOC), a fraqueza muscular é um achado comum e um baixo grau de inflamação e não o desuso isoladamente parece estar associado com a miopatia.

Nesta exposição, com base no artigo: Crit Care Clin 23 (2007) 21 - 34. Inactivity and inflammation in the critically Ill patient. Chris Winkelman, RN, PhD, mostrarei um fluxograma resumido e descreverei a seguir as duas seqüências de liberação de mediadores inflamatórios nas situações: IMOBILIDADE e EXERCÍCIO.

A atividade e a terapia de mobilização são exploradas como processos que influenciam na regulação inflamatória e na funçào muscular. Existe uma suspeita de que a inatividade está relacionada com o estresse oxidativo e citocinas pró-inflamatórias. Estudos laboratorias com cobaias e ensaios clínicos com saudáveis estão sendo feitos neste sentido. Há também evidências de que a atividade está relacionada com a regulação celular inflamatória em humanos saudáveis.



A liberação de mediadores da resposta inflamatória relacionados com a IMOBILIDADE comeca pelos radicais livres (RL) e óxido nítrico (ON). O ON é um potente vasodilatador, numa resposta inflamatória local ele aumenta o fluxo sangüíneo para facilitar a chegada dos mediadores inflamatórios na região acometida. Sistemicamente, a vasodilatação pode comprometer a pressão arterial de forma significativa e isto pode agravar o quadro clínico do paciente e até levá-lo a morte caso as medidas terapêuticas adequadas não sejam tomadas imediatamente. Os radicais livres degradam o DNA, lipídeos e proteinas das células, no músculo levam a sua degeneração e liberação de metabólitos que realimentam esta cadeia. As interleucinas pró-inflamatórias relacionadas com a imobilidade: IL-18, IL-1a, TNF-a e IL-1b, aumentam a apoptose celular (morte celular programada) e reduzem a formação de antioxidantes e o reparo celular. No músculo alimentam o ciclo degenerativo e de liberação dos radicais livres.

O EXERCÍCIO ou as atividades e os posicionamentos que promovem estímulos reflexos proprioceptivos podem liberar citocinas anti-inflamatórias: IL-6 e IL-10, elas exercem inibição das citocinas pró-inflamatórias já mencionadas. A IL-6 aumenta a produção da IL-10 e da IL-Ra (molécula inibitória dos efeitos inflamatórios das citocinas pró-inflamatórias). A IL-10 inibe a produção de citocinas pelas células T.

Os efeitos descritos no artigo foram observados em voluntários, DPOCs e pacientes falência cardíaca crônica. Poucos estudos com pacientes críticos foram realizados. Um único estudo com pacientes em VM não evidenciou mudanças plasmáticas nos níveis de IL-6 ou IL-10, uma crítica a este estudo foi a amostra muito pequena (n=10) e a população de adultos crônicos e críticos que correspondem a uma condição específica nas UTIs. As atividades desenvolvidas consistiam de 20 min de exercícios para arco de movimento e posicionamento.

Estas informações ainda precisam ser mais exploradas cientificamente, porém, trazem fortes indícios de que a cinesioterapia ativa e os posicionamentos devem ter um papel cada vez mais relevante no arsenal da fisioterapia para os pacientes acamados, talvez até na UTI.


Fonte: http://fisioterapiaemterapiaintensiva.blogspot.com/2008_07_01_archive.html





Postado por: Nathália

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