quinta-feira, 25 de junho de 2009

Associação do ferro com o câncer



A literatura é rica em estudos experimentais que mostram a habilidade do ferro em aumentar o número de células tumorais ou a mortalidade por neoplasia.Robertson, em 1977, verificou que injeções intramusculares de ferro - dextran, aumentava a incidência de sarcoma nos locais da injeção.Hoffbrand em 1976 e Fernandez em 1977 mostraram que os quelantes do ferro bloqueavam a mitose, na transição da fase G1 para a fase S, tanto in vivo como in vitro. Os quelantes testados foram: deferroxamina, ácido picolínico, tiosemicarbasonas e hidroxamatos.
Em 1979, Stich mostrou que o ferro na presença de ascorbato, aumenta o número de lesões dos cromossomas e subseqüentemente aumenta o número de células neoplásicas, implicando o ferro no fenômeno da iniciação do câncer.
Em 1985, Bergeron suplementou com ferro, camundongos injetados previamente com células L 1210. Quando a suplementação era de 24 ng/Kg havia aumento do número de células tumorais, e quando a suplementação era de 250 ng/Kg ocorria também um aumento evidente da mortalidade provocada pelo tumor. As doses menores de ferro encurtavam a sobrevida, porém, as doses maiores encurtavam mais ainda e os camundongos morriam 25% mais rapidamente. É muito interessante sabermos que as moléstias que induzem aumento das reservas de ferro estão freqüentemente associadas com o aumento da incidência de neoplasias malignas e o melhor exemplo é a hemocromatose idiopática onde a principal causa de morte é o câncer. Por outro lado, cada vez mais surgem trabalhos populacionais relacionandoo as reservas de ferro do organismo com o subseqüente risco de aquisição de vários tipos de neoplasias malignas.
Já na década de 80, Burrows e Rosemberg alertavam para o perigo das transfusões de sangue no pós-operatório de cirurgias de extirpação de tumores malignos. Os autores verificaram aumento da incidência de recorrência ou de metástases nos pacientes que recebiam sangue no per - operatório. Uma transfusão de 500 ml de sangue, possui 200 mg de ferro e aumenta em 60 ng/ml a ferritina sérica.
Stevens, em estudo prospectivo envolvendo 21.513 homens chineses, mostrou que a ferritina dosada de 3 à 79 meses antes, era 20% maior nos 192 homens que subseqüentemente morreram de câncer. O risco de morrer de câncer era 3 vezes maior nas pessoas com ferritina superior à 200 ng/ml quando comparada com as pessoas que apresentavam ferritina de 20 ng/ml. Os tipos de neoplasias, mais freqüentemente encontradas foram: carcinoma hepato celular, câncer de pulmão, estômago, boca, faringe, cólon, etc. Todos esses dados eram mais consistentes nas pessoas com idade superior à 50 anos. Neste estudo, nas 192 pessoas que morreram de câncer, encontrou-se também baixos níveis de hemoglobina e de albumina.
Outro estudo, também prospectivo, agora nos EUA e envolvendo 14.000 pessoas, mostrou que entre os 242 homens que subseqüentemente desenvolveram neoplasia maligna, a capacidade total de ligação do ferro (TIBC) foi significantemente menor e a saturação de transferrina maior do que os controles sem neoplasia, mostrando que o aumento das reservas de ferro se associou com o aumento do risco de desenvolver câncer. Os tipos de neoplasias mais freqüentemente encontrados foram: próstata, pulmão, cólon, esôfago e bexiga. Neste trabalho, de modo semelhante ao anterior, os níveis de ferritina foram significativamente maiores no inicio das observações.
Selby, em 1988, também mostrou que altas reservas de ferro no organismo, aumenta a probabilidade das pessoas adquirirem câncer de pulmão e muito importante, a diminuição dessas reservas reduz significantemente o risco de contrair este tipo de neoplasia.

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